Compilarei aqui uma série de poemas sobre os testículos. Vamos ver como são retratados nas obras escritas. Ouso a escrita de um poema também... espero que gostem!
[ESTOU CONTENTE, NÃO DEVO NADA À VIDA]
Estou contente, não devo nada à vida,
e a vida deve-me apenas
dez réis de mel coado.
Estamos quites, assim
o corpo já pode descansar: dia
após dia lavrou, semeou,
também colheu, e até
alguma coisa dissipou, o pobre,
pobríssimo animal,
agora de testículos aposentados.
Um dia destes vou-me estender
debaixo da figueira, aquela
que vi exasperada e só, há muitos anos:
pertenço à mesma raça.
Acerto
Talvez eu não tenha arrebentado
a boca do menino
só feito a gengiva sangrar
– a pedra era grande demais para a brincadeira
mas a região é muito sensível
você mesmo disse.
Meu irmão também me acertou um dia
com um carrinho de ferro.
Isso sempre esqueço;
isso não diminui meu erro, digo,
voltando ao princípio.
Como quando perguntei ao cozinheiro
“de que parte do boi
vem a carne tão tenra?”
e era já a cartilagem
de outro bicho
testículos de cavalo
umas patas atravessando a panela.
mallarmé
segura
prende e bate
e arrebenta
os testículos
o ventre
não aumenta
derrama
a discórdia
do silêncio
arranca
estripa e amputa
freme
bisturis
em punho
na medula
lobo
toma os uivos
selvagens
segura
prende e bate
e arrebenta
os testículos
o ventre
não aumenta
derrama
a discórdia
do silêncio
arranca
estripa e amputa
freme
bisturis
em punho
na medula
lobo
toma os uivos
selvagens
[ESTOU CONTENTE, NÃO DEVO NADA À VIDA]
Estou contente, não devo nada à vida,
e a vida deve-me apenas
dez réis de mel coado.
Estamos quites, assim
o corpo já pode descansar: dia
após dia lavrou, semeou,
também colheu, e até
alguma coisa dissipou, o pobre,
pobríssimo animal,
agora de testículos aposentados.
Um dia destes vou-me estender
debaixo da figueira, aquela
que vi exasperada e só, há muitos anos:
pertenço à mesma raça.
(Os testículos)
Tenho nas mãos
teus testículos
e a boca já tão perto
que deles te sinto
o vício
num gosto de vinho aberto
Tenho nas mãos
teus testículos
e a boca já tão perto
que deles te sinto
o vício
num gosto de vinho aberto
Acerto
Talvez eu não tenha arrebentado
a boca do menino
só feito a gengiva sangrar
– a pedra era grande demais para a brincadeira
mas a região é muito sensível
você mesmo disse.
Meu irmão também me acertou um dia
com um carrinho de ferro.
Isso sempre esqueço;
isso não diminui meu erro, digo,
voltando ao princípio.
Como quando perguntei ao cozinheiro
“de que parte do boi
vem a carne tão tenra?”
e era já a cartilagem
de outro bicho
testículos de cavalo
umas patas atravessando a panela.
Infortúnio
A vida de um homem é curiosa
pois nasce com uma coisa pendurada e dolorosa,
De fato conhece seu corpo muito cedo
E a pancada nas bolas acaba-lhe sendo seu maior medo,
Infortúnio que o acompanha por todos os lados
e por onde quer que vá tudo lhe acerta nos bagos,
É uma sensação que atinge até os folículos
ao ser golpeado pela primeira vez nos testículos,
é sublime e se intensifica quando os amigos lhe deixam no vácuo
E de repente se viram e lhe acertam em cheio no saco,
Nostálgicos momentos da colas
e do futebol que os amigos lhe chutam nas bolas,
E assim os homens se tornam cidadãos
E vão aprendendo a cuidar dos seus grãos,
E os mais velhos passam para os mais novos
a dura lição de ter sempre que levar nos ovos,
Isso vale para os pequeninos e os homenzarrões
levados ao chão com um simples soco nos culhões,
Se isso ainda lhe parece pouco
é porque ainda não sentiu a dor de uma martelada nos cocos,
E desse modo os meninos-homens crescem,
e com isso seus testículos amadurecem
E o homem sabe o tempo que isso vai durar,
para conviver com aqueles que lhe fazem urrar
com um simples peteleco sensacional
certeiro no saco escrotal...
(Groin Prick, 2019)
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